Escola versus COVID-19: tempo de florescer!

por Adriana Rieger

10/07/2020

Entramos no século XXI há exatos vinte anos, vivemos diariamente um turbilhão de mudanças em vários setores da sociedade, não é mesmo? Mas será que a escola tem conseguido acompanhar estas mudanças? Volta e meia me questiono se o modelo de escola que temos é o mais adequado e se ela vem cumprindo com sua função. Qual seria o modelo de escola para este século?

De certo, a escola foi se modificando ao longo dos tempos, no entanto, sua função sempre foi a de ensinar. Ensinar o quê? Hoje, mais do que nunca, nos deparamos com a necessidade de ensinar aos alunos como desenvolverem suas capacidades intelectuais e cognitivas, mas sobretudo, apoiá-los no desenvolvimento de suas capacidades emocionais.

Em face da complexidade do mundo moderno, da forte influência das mídias e redes sociais e do conjunto de problemas sociais que afetam os diversos setores de nossas vidas, a escola precisa manter esta sua característica de ensinar. No entanto, nos deparamos novamente com a questão: ensinar o quê?

Estamos vivendo uma situação totalmente inusitada, sem qualquer precedente: o isolamento social temporário, em decorrência da pandemia do COVID 19. As mudanças se fazem iminentes e tomam conta de todos os setores de nossas vidas. A busca por alternativas, a necessidade de reinventar processos e de se reinventar frente às diferentes demandas do dia a dia, exigem criatividade, visão sistêmica e uma boa musculatura emocional.

Estamos cada qual em suas casas, mas o mundo continuou girando, o tempo continuou passando e os pilares da Educação – a instituição escolar, o educador e o aluno, foram convocados a inaugurar o ensino remoto em muitos formatos. Aqui nos deparamos com educação e processo educativo ocorrendo em todas as suas possibilidades. A escola está se reinventando para além de seus muros e reaprendendo a ser uma organização efetivamente significativa e inovadora.

É fato que temos muito o que avançar, mas já demos alguns passos. Rompemos com alguns processos previsíveis, envelhecidos e burocráticos, mas são tantos e tão seculares… Será que agora vamos realmente partir de onde os alunos estão? De suas preocupações, de suas necessidades, de suas curiosidades e construir um currículo que dialogue continuamente com o cotidiano? Será que a partir de agora vamos priorizar os alunos e não os conteúdos, e por fim despertarmos a curiosidade de aprender?

Vemos a escola incorporando cada vez mais as novas tecnologias, mas ela não pode desconsiderar o humano, a afetividade e a ética para a construção de uma nova era que exige um educador capaz de despertar nos alunos a intimidade com o movimento de pensamento reflexivo, em que os meninos e meninas precisem se sentir desafiados com idas e vindas do pensamento, com suas dúvidas, suas incertezas, suas pausas…

Não tenho dúvidas de que nós, educadores, sejamos realmente comprometidos com o  desenvolvimento e a aprendizagem de nossos alunos e que a busca de sentido no fazer  pedagógico seja uma constante, pois o que queremos é ensinar o que de fato nossos  alunos vão usar por toda a vida. Para que isso aconteça é preciso estimular a criatividade,  valorizar a multiplicidade de talentos e encorajar a cada um para que descubra seus  potenciais. 

 Agora ofereço a leitura de uma poesia de Paulo Freire, “A Escola”, em que ele define a  escola de seus sonhos, publicada na revista Nova escola de junho/julho de 2003. E fica o  convite para refletirmos sobre como deva ser a nossa escola dos sonhos e o que temos feito para construi-la.

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Adriana Rieger

 

 

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Comentários sobre o texto

  1. Ana Márcia de Sousa disse:

    Que texto humano… Mas também muito reflexivo. Grata por dividir conosco…

  2. ANDREA ARAUJO DOS SANTOS disse:

    Parabéns, Adriana!

    Texto leve que nos leva a refletir de forma profunda e empática sobre como nos desenvolver profissional e emocionalmente frente às necessidades da comunidade escolar!
    Obrigada!

  3. Isabel disse:

    Reflexão fundamental para que a escola possa continuar sempre se perguntando sobre qual é o seu lugar e a sua função . Adorei o texto! Parabéns Adriana

  4. Francisco Paulo dos Reis disse:

    Belo texto. Sempre achei aprendizagem sem a cumplicidade do professor, aluno e familiares é sofrível. Aprendizagem é essa salada de frutas gosta, vários frutos reunidos e lá no fundo fica o caldinho doce que é a essência de todos frutos que fizeram essa “salidinha delicosa”. A tecnologia é essencial, mas o afeto, o lúdico tem que vir primeiro. É mister que se tenha a vontade de união – assim será o futuro mais prazeiroso. Lindíssima. Orgulhoso sempre.

  5. Maria Aparecida Pereira Furtado disse:

    Essa poesia do Paulo Freire era para estar em um quadro em todas as escolas. Afinal nosso trabalho é em equipe, é um time que juntos faremos vários gols, gols de amizade , união, carinho , amor ao próximo, …..

  6. Aliene Targa disse:

    Parabéns pelo texto de excelência, que nós remete a uma profunda reflexão…realmente com essa pandemia estamos lançando mão dos recursos tecnológicos, porém não podemos nos distanciar de nossa humanidade….O texto do Paulo Freire só reforça ainda mais…

  7. Sílvia A. Stolai da Silveira disse:

    Questionamentos, dúvidas, flexibilidade, reflexões, novos desafios, expectativa, esperança, tempo de mudança em busca de uma educação (intelectual, cognitiva, social, emocional, ética, …. ) e que todos tenham acesso a rede de ensino de qualidade.
    Adriana, Parabéns! O texto nos leva a ampliar as nossas reflexões a respeito do tema. Abraços

  8. Ivone Griti Medeiros Prado disse:

    Esse texto, nos leva a uma profunda reflexão e questionamento sobre o que é, e o que deve ser uma escola. A escola deve ser um espaço para todos, tanto no ensino aprendizado como na inclusão de igualdade, desejos, amizade e trocas. Que esse espaço seja realmente mais humanizado onde todos possam buscar e compartilhar experiencias, vivencias e conhecimento.

  9. Margarete Cazzolato Sula disse:

    Lindo texto! Senti saudades de nossos papos! Beijos Querida

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