Elos Educacional Educação

Os sons da escola

por Elaine Stella

20/08/2021

Você já parou para pensar sobre a quantos dias estamos vivenciando o distanciamento social? Tenho certeza que sim…

O mês de março de 2020 ficou marcado na memória, pois foi o dia que o silêncio se fez presente nas escolas públicas e particulares do Brasil, que fecharam as portas pela primeira vez, na tentativa de conter o avanço do coronavírus.

Iniciamos um período muito reflexivo para a educação, que levou toda a comunidade escolar a repensar sobre as metodologias utilizadas, até então, e ampliar o olhar para um processo de ensino e aprendizagem diferenciado.

Um estudo recente* mostrou um importante aumento do abandono escolar entre 2019 e 2020 no Brasil. Em outubro do ano passado, 3,8% das crianças e adolescentes de 6 a 17 anos (1,38 milhão de jovens) não frequentavam mais a escola. Em 2019, essa taxa era de 2%. Segundo Júlia Ribeiro, oficial de Educação da Unicef no Brasil, os dados comprovam que o mesmo perfil de estudantes que já sofriam com a cultura do fracasso escolar não conseguiu se manter aprendendo com as escolas fechadas.

Como dizia Rubem Alves:

 

“Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz:   ” Veja!” – e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. O seu mundo expande. Ele fica mais rico interiormente. E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos. Vivemos para ter alegria e para dar alegria. O milagre da educação acontece quando vemos um mundo que nunca se havia visto.”

 

No Brasil, as escolas ficaram vazias, buscando a adequação ao formato virtual. O calor humano e o toque, só com os de casa.

De forma geral, a escola não deixou de cumprir seu papel e ficou evidenciado o quanto ela é necessária, mesmo para as crianças pequenas, e, por isso, foi ampliando seu espaço nos lares, levando conhecimento e estimulando as diferentes linguagens em prol do desenvolvimento integral dos(as) estudantes. Assim foi o ano de 2020 quase que inteiro e boa parte de 2021…

Na escola, ocorrem os diálogos, a vivência da diversidade, do conflito e do confronto, é nela que os conceitos se ampliam. Os verdadeiros sons da escola ressurgem: risos, choros, gritos, conversas…

 

 

A escola é tudo isso! É espaço de trocas, de encontros, de desencontros, de brincadeiras. Nela vivenciamos momentos alegres e tristes. Aprendemos, também, a defender nossos pontos de vista ou a mudá-los. Nossas facilidades se tornam propulsoras para a superação das dificuldades e é na escola que vivenciamos todas as variações de emoções decorrentes do difícil processo de aprender a ser e a conviver. Neste espaço, aprendemos a aprender e temos a possibilidade de nos tornarmos mais humanos!

A retomada das aulas presenciais, após meses de isolamento e de ensino remoto, vem exigindo esforços adicionais. Junto aos sons tão esperados das crianças, podemos ouvir o som do medo. Em paralelo aos protocolos de segurança sanitária, que passaram a ditar as regras de convivência nas escolas, é preciso acolher e apoiar estudantes, professores(as) e demais profissionais, incluindo a própria equipe gestora. Você já pensou sobre isso?

Os(as) alunos(as) aprendem mais e melhor em um ambiente de segurança emocional, que se constrói através da criação de vínculos e do estabelecimento de relações de confiança. Nunca o tema socioemocional se mostrou tão necessário, não é mesmo?

As competências socioemocionais, presentes na BNCC como competências gerais, são uma das colunas da Base Nacional, por isso, devem ser contempladas ao longo de todo o ano letivo e não só num momento mais sensível como o cenário em que vivemos devido à pandemia. Devem ser vistas como um processo e não como um evento.

Cynthia Sanches, especialista em educação do Instituto Ayrton Senna diz: “O desenvolvimento socioemocional é fundamental para repensar essa educação, que passou por um chacoalhão na pandemia”.

Empatia, tolerância ao stress e à frustração, respeito, iniciativa social, organização e persistência são algumas das competências que se tornam cada vez mais importantes para o momento. “Quando bem desenvolvidas, de uma forma intencional e articuladas com os objetivos de aprendizagem, elas promovem o autoconhecimento e desenvolvem o(a) estudante para lidar com desafios.”

Sendo assim, podemos pensar…

– Como transpor essas reflexões e aprendizados?

– Como equilibrar as competências socioemocionais e cognitivas na volta às aulas presenciais?

– Qual a importância das competências socioemocionais para o(a) professor(a) para seu fazer docente e para a vida?

Deixo aqui uma sugestão de leitura interessante para aprofundamento sobre o tema, auxílio no processo de reflexão e, quem sabe, responder algumas das questões anteriores.

 https://socioemocionais.porvir.org/

Bons estudos!!

Referências:

Bimbati, Ana Paula. Como equilibrar as competências socioemocionais e cognitivas na volta às aulas? 27 jan. 2021.Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/20053/trilha-retomada-das-aulas-2021-como-equilibrar-habilidades-socioemocionais-e-cognitivas

INSTITUTO AYRTON SENNA. As competências socioemocionais no cotidiano das escolas. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/meu-educador-meu-idolo/materialdeeducacao/descubra-como-competencias-socioemocionais-podem-melhorar-a-educacao-brasileira.html

 

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